Do Livro dos Mistérios – Do caos pulsante
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Ó, instruído, ouve atento,
não com ouvidos ou olhos,
tampouco com o coração, pois ele se engana;
ouve com o entendimento.
E, no início, era o caos;
e o caos era a maré, o fluir.
O mistério da vida,
o mistério da morte
sem quem o desvendasse:
todos pulsando na eternidade.
Então houve uma luz:
e se espalharam sombras dessa luz;
E novas luzes vieram, novas sombras.
E A luz era a ordem e a ordem, tradição.
E eis aí suprema lógica,
e a horrenda loucura humana:
a ordem.
A sombra, mago, é ilusão:
a luz cria a sombra;
Porém a escuridão do caos,
sob as estrelas virgens,
existia sem luz.
Os pecados dos homens
têm valor para a luz
e para a sombra;
O caos, no entanto, pulsa,
indiferente.
(...)
Nas luzes que se fundem
as sombras agregadas;
Os buracos da luz
são os faróis na treva.
E o caos, pulsa.
E os fracos abominam o caos,
e clamam a ordem.
A ordem que oprime,
persegue, alienia e mata:
é que eles imploram a paz.
Ah, a paz, tão sublime,
sobre seu monte de caveiras;
Ah, a paz, tão radiante,
bebendo o sangue dos rebeldes;
E a paz vai e enforca
tua mente durante o sono
mas quem nota?
Há paz.
E o caos, pulsa, indiferente.
(...)
O mal e o bem lutam
sobre os palcos da história,
no teatro do caos,
que não reconhece suas máscaras;
E tira as máscaras, e nada resta,
além do caos, que pulsa.
O que entra na sombra da luz
é sombra, é ilusão;
O que entra na luz da sombra
é luz, é ilusão;
O que entra no caos, não é nada
apesar de ser tudo.
O caos é origem e fim,
Alfa e Ômega.
Nele não se entra,
pois sempre se esteve.
Aí está a iluminação.
Ouve, e entende.
Tu és um buda negro.
(...)
E no teatro do caos,
centenas de atores dançam,
espalhando suas luzes
e as sombras que com elas vêm;
Olhe as virtudes criadas,
irmãs do pecado.
Olhe a culpa, a redenção;
Olhe o choro e a alegria;
Olhe a ignorância e sabedoria;
e então não olhe mais...
Quereis fundir-se no caos?
Se afastar das luzes dos homens
das sombras dos homens?
Pular sem regresso para a escuridão?
Pois aos que a cegueira é luz,
a luz do caos é escuridão.
Mas pulsa...
A ordem não te livrará,
e te perseguirá, ó Rebelde,
e tudo que foge das suas garras
será morto ou despedaçado:
pois a ordem... é paz.
Ó fruto do caos,
vê nos dilemas humanos
seu próprio início e fim:
a vida pulsa profunda.
Nada escapa ao caos:
retorna ao escuro que te criou,
e não verá nada.
Não há luz.
Mas há o pulsar...
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Labels: Black Arts, Black Magic, Dark Poetry, Magia Negra, ONA, Poemas Negros, Satanism, Satanismo
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